Piracicabana é a nova diretora da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem
Em Brasília, Fernanda Bini inicia trabalho na Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania


A advogada piracicabana Fernanda Bini é a nova diretora técnica da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), vinculada à Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania. A informação foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 13 de agosto. Fernanda foi convidada para o cargo de confiança pela atual secretária nacional da ABCD, Luísa Parente, ex-ginasta que participou dos Jogos Olímpicos de Seul (1988) e Barcelona (1992). A piracicabana, que teve a nomeação aprovada pela Casa Civil, já está em Brasília (DF) e assumiu o cargo oficialmente com a posse nesta terça-feira (25).
No Distrito Federal, Fernanda terá atribuições como promover, desenvolver e difundir a cultura antidopagem no País, atualizar a lista de substâncias e métodos proibidos, observando os padrões internacionais da Agência Mundial Antidopagem (WADA), elaborar estudos e propostas de educação, coordenar programas pedagógicos, e planejar programas de controle à dopagem, em conjunto com órgãos públicos e privados. “O doping não é apenas sobre esporte de alto rendimento mas especialmente sobre ética em todos os níveis praticados e sobre ética no dia a dia, por meio da propagação dos valores do esporte e isso é algo que o nosso País precisa. É um desafio enorme e vejo tudo isso também como uma excelente ferramenta de transformação social”, disse.
‘ É um passo gigantesco em minha carreira, numa área que sou completamente apaixonada’, disse Fernanda Bini
A piracicabana será responsável pelos setores de educação e operações, por meio da coordenação e supervisionamento dos testes antidoping. “Foi um convite que eu não estava esperando, me surpreendeu de forma muito positiva. É um cargo de tempo integral, uma mudança significativa e uma oportunidade única. Fiquei muito feliz, até porque é um reconhecimento e a expressão de confiança em nosso trabalho, após mais de dez anos trabalhando de forma voluntária em vários tribunais desportivos, inclusive no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) do futebol, e no TJD-AD (Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem). É um passo gigantesco em minha carreira, numa área que sou apaixonada”, destacou a advogada.
Formada pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Fernanda é ex-tenista, modalidade que praticou dos 9 aos 24 anos de idade, e foi a primeira atleta profissional de Piracicaba a figurar no ranking da WTA (sigla em inglês para Associação Internacional de Tênis Feminino). Inicialmente a escolha pelo curso de direito teve influência familiar mas foi na faculdade que ela descobriu o direito desportivo e o IBDD (Instituto Brasileiro de Direito Desportivo), onde fez sua pós-graduação em 2008 – pioneira, também foi a primeira piracicabana pós-graduada na área. De lá para cá, Fernanda recebeu inúmeros convites para participar de tribunais – sempre de forma voluntária.

A piracicabana foi tenista profissional antes de entrar no mundo do direito desportivo (Foto: Líder Esportes)
Após passar pelo badminton, futsal, handebol, vôlei e esportes paralímpicos, Fernanda teve mais contato com a área de doping em 2013, no atletismo. “Senti a necessidade de levar mais informações para os atletas. Eu fui atleta e sei que uma suspensão por quatro anos pode acabar com uma carreira. Então, comecei a estudar e me direcionar mais para essa área”, contou. No direito desportivo, Fernanda foi convidada para compor o primeiro Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem, – ela foi nomeada pela Comissão Nacional de Atletas, então presidida por Lars Grael, dono de duas medalhas olímpicas na vela. Diretora da Doping and Fair Play Consulting, a piracicabana foi secretária geral do IBDD entre os anos de 2016 e 2018, e de 2019 até o momento de sua posse.
DESAFIOS
Perguntada sobre os desafios que terá em Brasília, Fernanda Bini apontou os ramos da educação e da conformidade com os padrões da Wada, além de administrar questões relacionadas à pandemia causada pela Covid-19. “Nosso desafio é desenvolver um plano educacional coerente com o novo padrão internacional da Wada, que entra em vigor em janeiro de 2021. Fazer isso demanda a participação de vários atores: agentes de controle, atletas, clubes, confederações, federações, instituições. Ouvir todos eles será um grande desafio para montar um projeto, um plano adequado à realidade, que atenda as necessidades do Brasil como todo”, afirmou.
“Também será um desafio manter a conformidade, pois existem muitas minúcias nos padrões internacionais da Wada. Administrar tudo isso é importante para que o Brasil não perca a sua conformidade. Se a ABCD não cumprir com esses requisitos, por exemplo, o Brasil pode não participar de uma Olimpíada. A responsabilidade é enorme e temos que continuar funcionando bem. Pessoalmente, outro desafio é morar longe da família (risos), mas estou muito feliz de estar perto de onde as coisas acontecem”, complementou a piracicabana.
